Continentes projectivos (Lebensraum I), 1999

Vinil autocolante sobre vidro; impressão electrostática sobre vinil.
Várias intervenções no Edifício Artes em Partes, Porto, 1999.
Para o projecto W.C. Container, a convite do Paulo Mendes.

Vinyl sticker on glass; electrostatic printing on vinyl.
Several interventions in the Building Arte em Parte, Porto, 1999.
For  the W.C. Container project, invited by Paulo Mendes

Ainda no outro dia um amigo questionava-me sobre a relação possível entre estes círculos coloridos abertos sobre o jardim e aqueles outros que se recortam na parede exterior. Disse-lhe na altura que, para além da óbvia semelhança nas configurações, em ambos os casos os círculos tinham sido pensados como janelas abertas sobre o mundo. Só que enquanto as imagens presentes no exterior dependiam de um dispositivo de mediação mais ou menos complexo e distanciado, as outras janelas, mais corpóreas, se limitavam a estar ali e a recortar um pedaço da realidade. De uma forma ou de outra estaríamos perante pequenos continentes projectivos à disposição de cada um. Ele objectou de imediato afirmando que não entendia essa fragmentação, essa dualidade que opunha um dispositivo ao outro. Lembrei-lhe então que se era de fragmentação e diferença que se tratava, não estava presente qualquer dualidade, pelo menos entendida enquanto escolha e determinação polar. Em vez de um confronto era antes uma recusa condicionada que se propunha, já que esses pequenos continentes projectivos, esses espaços de liberdade, configuram uma contingência absoluta.

Miguel Leal, fragmento de uma entrevista conduzida por André Guerain e publicada na revista Olho Mágico, nº3, Junho de 1999

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