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[resumo]
O esvaziamento das lógicas de ruptura e transgressão com que as vanguardas artísticas se tiveram que confrontar, em especial a partir da década de 60 do século XX, obrigou-as ao questionamento profundo dos mecanismos institucionais reguladores da norma e do desvio. É o caso das heterotopias museológicas que puderam ser interrogadas a partir das suas capacidades efabulatória e ficcional. É no centro mesmo deste debate que, em 1968, Marcel Broodthaers abre a Section XIXème Siècle do seu Musée dArt Moderne, Departement des Aigles. A complexidade deste projecto, que irá durar com diversas configurações até 1972, abre uma discussão sobre a própria ontologia da arte num momento de aparente crise.
Neste artigo procurámos reflectir sobre a razão da escolha de um dispositivo ficcional para a construção da sucessão heterogénea de objectos e acontecimentos que constituem esse Musée dArt Moderne, buscando assim na própria inquietação e no movimento imprevisível da narrativa ficcional as respostas para a compreensão dos lances de Marcel Broodthaers.
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[abstract]
The depletion of the logics of rupture and transgression which the artistic avant-garde has confronted, particularly since the early 1960s, led it to a profound questioning of the institutional mechanisms that regulate norms and deviations. This is the case of museological heterotopies that could be interrogated on the basis of their fabulatory and fictional capacities. It was at the heart of this debate that, in 1968, Marcel Broodthaers opened the Section XIXème Siècle of his Musée dArt Moderne, Departement des Aigles. The complexity of this project, which was to continue in various configurations until 1972, opened up a discussion on the very ontology of art at a time of apparent crisis.
In this article we attempt to reflect on the reason for choosing a fictional device for the construction of the heterogeneous succession of objects and events that constituted the Musée dArt Moderne, Department des Aigles, thus seeking in the very restlessness and unpredictable movement of the fictional narrative answers to help us understand the moves of Marcel Broodthaers.
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