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«O filósofo seiscentista William Molyneux, cuja mulher era cega, colocou a seguinte questão ao seu amigo John Locke: “Imaginemos um homem cego de nascença, já adulto, que tivesse aprendido através do tacto a distinguir um cubo e uma esfera, [a quem fosse] restituída a vista: [conseguiria ele agora], servindo-se dos olhos, e antes de lhes tocar… distinguir qual era o globo e qual o cubo?”» (Sacks, Oliver 1996). Questões e/ou casos como este são uma das fontes de interesse para a realização deste trabalho, que tem como ponto de partida o conhecimento de que a percepção do mundo visual é de especial importância para os artistas. A arte foi durante muito tempo essencialmente visual e é por esse motivo que me parece pertinente compreender as diferentes formas de ver, literalmente, as formas que nos rodeiam.

É também com outros famosos livros de Oliver Sacks, como “Musicofilia” ou “O Homem que confundiu a Mulher com um Chapéu”, que tento entender as relações de percepção do som quando influenciadas quer por factores internos como externos. “Musicofilia” apresenta-nos uma série de casos clínicos que exploram a condição humana e a relação do nosso cérebro com a música e os sons: desde génios musicais a casos de amusia, isto é, a incapacidade de ouvir música, conhecemos partes e capacidades do cérebro humano que não podemos ignorar. Em “O Homem que confundiu a Mulher com um Chapéu”, é-nos apresentada a fantástica história do professor de música Dr. P., “um homem que perdera completamente o mundo como representação mas que o mantinha intacto através da música ou vontade”, isto é, a sua visão é totalmente condicionada pelos sons.

Após explorar e compreender bem estes casos tenciono relaciona-los com alguns artistas, obras ou até mesmo movimentos e/ou correntes artísticas. Questionar o desenvolvimento da arte e alguns dos seus maiores nomes de modo a chegar a conclusões sobre possíveis teorias para a evolução da arte.

 

 

Sacks, Oliver “O Homem que Confundiu a Mulher com um Chapéu”, Relógio D` Água, Lisboa 1990
Sacks, Oliver “Um Antropólogo em Marte”, Relógio D` Água, Lisboa 1996
Sacks, Oliver “Musicofilia”, Relógio D` Água, Lisboa 2008


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