Para o trabalho de som e imagem escolhi fazer uma análise do filme do realizador japonês Akiro Korusawa, “Yume”. O filme retrata os diferentes estágios de vida do autor, através da recriação de 8 sonhos reais transpostos para a película.
As personagens simbolizam o alter-ego do autor, e se quisermos do observador, através da visualização do mesmo, somos encaminhados a experimentar visualmente os diferentes estágios retratados.
Em “Yume” tanto o som como a imagem são terrenos explorados no campo do onírico, onde a relação entre o real e o filmado são explorados como se estivéssemos a ler um livro de contos ou a assistir a uma exposição de pintura. A propósito podemos visualizar no capitulo “crows”, a personagem principal assistindo a uma exposição de Van Gogh onde ela mesma se transporta para o mundo intelectual do pintor através dos seus quadros, dando-se neste caso não um filme dentro de um filme mas um sonho dentro de um sonho.
É também este, o único capítulo onde a linguagem falada é a linguagem universal.
A comparação da exploração imagética criada pelo autor e o expressionismo da pintura de Van Gogh permite-nos uma compreensão da profundidade discursiva que o autor transmite do Homem com a natureza, e da sua importância.
Todo o filme é um trabalho sobre o valor acrescentado do som-imagem com pequenas intervenções da linguagem falada, que aparece apenas ocasionalmente. O filme permite assim uma observação da profundidade imagética do realizador em cada estágio demonstrado e pela subtileza da importância do discurso. Como num sonho, conseguimos submergir em “Yume” (sonho) como se nós mesmos estivéssemos a sonhar.
https://www.youtube.com/watch?v=Gk2116ieJ-g
Filmografia:
-”Yume”, Akiro Kurosawa;
-”A.K.”(1985), Chris MArker;
Bibliografia:
-Audiovisão, Michel Chion