Há muito que nos filmes se usa o som para nos dar uma imagem de algo que muitas vezes não está lá. E o meu trabalho vai-se focar nisso mesmo, na análise de alguns filmes onde é evidente esse detalhe.
Muitas vezes é o som de uma multidão, de um ambiente ou até uma determinada música que nos leva a pensar que algo está por perto ou que está algo prestes a acontecer e esses mesmos sons dão-nos uma determinada imagem. É uma das magias do cinema, o mostrar-nos uma coisa sem que ela tenha de necessariamente lá estar.
Esta é já uma técnica usada desde os primeiro filmes, no inicio eram as orquestras a ajudar no desenrolar da narrativa criando os momentos intensos de suspense.
Passando agora aos filmes mais concretamente, um dos casos onde é usada a música é no “Casablanca”, por exemplo sempre que Rick e Ilsa estão juntos a música “As time goes by” acompanha o par. Se víssemos o filme de olhos fechados facilmente reconheceríamos o momento em que o casal está junto.
As novelas tornaram-se peritas neste aspecto pois cada par romântico tem a sua música sendo facilmente identificáveis.
No que diz respeito à ilusão de público ou multidão um grande filme onde está patente este aspecto é o “Processo de Joana d’Arc ”.
Quando a história começa ela está presa numa cela do Castelo Rouen. Foi capturada pelos soldados franceses e vendida aos ingleses a preço de ouro; é levada a um tribunal composto essencialmente por membros da universidade anglófila de Paris e presidida pelo bispo Cauchon. O filme retrata o julgamento de Joana d’ Arc por isso passa-se durante um boa parte do tempo no tribunal e é neste tribunal que mais se sente a ilusão de multidão, mas esta multidão nunca aparece durante o filme, no entanto, sempre que Joana sai do tribunal ouvem-se vozes que gritam “morte à bruxa”, vozes essas que não têm um emissor especifico, o mesmo acontece quando ela se dirige para a fogueira, pois parece existir uma multidão entusiasmada com aquele momento que nunca chega a aparecer.
Basicamente o meu trabalho vai-se centrar nesta temática, e estes foram apenas dois exemplos do que vai ser analisado. O título do trabalho ainda não está definido, mas será qualquer coisa do género: “O Som como parte da imagem” ou “O Som como reflexo da Imagem”.
Bibliografia:
Gardies, René, “Compreender o Cinema e as Imagens”, Texto e Grafia
Julier, Laurent, “El sonido en el cine”, Barcelona, Editorial Paidós, 2007
Chion, Michel, “A Audiovisão”, Texto e Grafia, 2011
Material Audiovisual:
Bresson, Robert, “Procès de Jeanne d’Arc”, 1962, França
Curtiz, Michael, “Casablanca”, 1942, EUA
Lang, Fritz, “M”, 1931, Alemanha
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