No âmbito da disciplina de Som & Imagem quero abordar alguns conceitos partilhados pelo Michel Chion no livro Audio-Visão, mais particularmente o som diegético e não diegético.
Desde o início do cinema que sempre se deu prioridade à imagem, deixando o som para segundo plano, o que na verdade é de certa forma contraditório, visto que o nosso cerebro entende mais rapidamente um som do que uma imagem. Nos dias de hoje, começamos a dar mais importância ao som no cinema, começando nos diálogos, passando pela música até aos sons que nos rodeiam, sabendo que vão criar um valor acrescido à imagem, funcionando como um complemento.

Interessa-me esta relação do som com a imagem, principalmente em filmes de suspense, onde o som adquire uma força por vezes superior à própria imagem. Muitas das vezes, o som que corresponde à realidade é substituído por outro, a fim de criar um maior impacto, levando-nos a crer que é real.Temos como exemplo o uso frequente do “Wilhelm scream”, sendo considerado por muitos técnicos como o melhor som para representar um grito.
Quando um som é perceptível aos personagens e aos espectadores entendemo-lo com diegético (o som de uma multidão, o som de animais, a música num bar ou o dialogo entre personagens), quando o som é apenas perceptível pelo espectador, é não diegético (voz do narrador, música de fundo ou efeitos especiais) e tem como principal função enfatizar uma emoção ou sugerir ritmo à imagem, podendo ser quase subliminar aos espectadores.

Quando olhamos para o prólogo do filme “Persona” (1966) do Ingmar Bergman e vemos um exemplo claro de um som não diegético, que serve unicamente para dar uma sequência à imagem. Olhamos depois para o filme Psycho, do Alfred Hitchcock e mais atentamente à cena clássica passada no chuveiro. Ouvimos uma mistura de sons diegéticos com não diegéticos, o som do chuveiro e dos gritos da mulher misturados com um som agudo (violino) e o som da faca a perfurar o corpo.O filme “Rear Window” (1954) do Alfred Hitchcock é um bom exemplo do uso do som diegético, onde todos os sons são captados do mesmo sítio, o quarto onde está o fotógrafo.Para além destes jogos com o som, agrada-me a elasticidade que o realizador Jean-Luc Godard dá ao som, no filme “Week End” (1967) e no filme “Masculin Féminin” (1966), pondo à prova a percepção do espectador.

Bibliografia

Chion, Michel. Audio Vision. Columbia University Press. 1994.

Kelleghan, Fiona. “Sound Effects in SF and Horror Films”. International Conference on the Fantastic in the Arts 21 March 1996

Rebello, Stephen. Alfred Hitchcock and the Making of Psycho. St Martins Pr (Trade). 1999.

Weis, Elisabeth. The Silent Scream – Alfred Hitchcock’s Sound Track. 1982


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