Para este trabalho decidi escolher o filme Laranja Mecânica e abordar o uso da música clássica como contraposição aos momentos de agressivos representados no filme.

Este filme, baseado num romance de 1962 do escritor inglês Anthony Burgess, conta a história de um jovem delinquente, Alex, líder de um grupo de arruaceiros, que vagueiam durante a noite à procura de algo novo para destruir. Todo o filme se encontra repleto de imagens perturbadoras, problemas de psicanálise, críticas políticas e sociais, desde violência como forma de diversão, praticada por Alex, até à violência psicológica utilizada pelos seus psiquiatras como forma de tratamento.

O que é realmente fascinante nesta personagem principal, é a dicotomia dos seus gostos, que variam desde música clássica, mais especificamente Beethoven, à violência e abusos. Ou será que não são assim dois gostos tão distantes? De que forma a música clássica, com a sua composição tão profunda e espirituosa, não influencia a nossa forma de pensar? Neste caso, a 9º Sinfonia de Beethoven parece mudar consoante a maneira de Alex estar com a vida, pois esta, que sempre lhe foi tida como gloriosa, depois do seu “tratamento”, não consegue mais ouvi-la, porque de certa forma o lembrava do seu tempo enquanto amante da violência pura.

Todo este jogo entre música e imagem é extremamente bem conseguido por parte do Stanley Kubrick, pois muitas vezes é apenas da relação imagem-som que o filme ganha sentido ou coerência, e se torna de compreensão mais fácil. Penso até que é um dos filmes impossíveis de compreender através da sua visualização sem som. Por exemplo a cena final, mesmo com a sua complexidade visual como a de uma fantasia surreal de sexo na neve com cavaleiros aplaudindo, e a frase narrativa proferida por Alex: “Definitivamente estava curado”estaria incompleta sem o último movimento da Nona Sinfonia de Beethoven, que esse sim, é o elemento mais evidente do retorno de Alex.

É incrível como um acto de violência, pode parecer-nos real e ainda mais violento sem um som que o ilustre de forma evidente, do que acompanhado da colocação de uma música clássica. Assim como na cena em que Alex e o seu grupo invadem a casa de um casal, e onde ele canta “singin in the rain” enquanto abusa da mulher e bate no marido, nada parece mais macabro do que a violência conjugada com música.

Segundo Stanley Kubrick, o que o fascinou mais na história de Anthony Burgess, foi mesmo o facto de Alex adorar música clássica, pois ele próprio também tem um gosto especial pela música clássica, como também é visível no filme 2001: Odisseia no Espaço. Durante todo o filme conseguimos encontrar relações entre Alex, Beethoven e o próprio Kubrick.

 

 

 

http://www.youtube.com/watch?v=I3Bcz8VRmyE&playnext=1&list=PLF990226589D2343E

 


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