A relação com o que vemos e o que sabemos é durante todo o tempo e todos os processos desequilibrada e claramente difusa. Ainda que a célebre citação de São Tomé “Só acredito no que vejo” se tenha tornado matéria do dia-a-dia, o seu significado é paradoxal e assenta no totalitarismo de um só sentido humano para percepção do que o envolve. Assim, não é de estranhar que na cultura em que nos inserimos seja absolutamente clara a preferência e orientação para a produção, recolha e entendimento sob a forma de imagem, e não tanto som. A imagem é o começo. Mas uma teoria que apresenta de um modo narrativo e tão progressivo a assimilação de conhecimento, creio eu, estará destinada a implodir.
Para uma pesquisa mais aprofundada destes fenómenos e questões presentes em cada peça ou objecto de imagem ou som de qualquer ordem, escolhi a filmografia do realizador britânico Derek Jarman (1942-1994). Além de conhecido por filmes como Jubilee, Caravaggio, War Requiem, The Garden e Blue, Jarman conquistou destaque pela sua colaboração na produção de imagens para bandas na década de 80, como Pet Shop Boys, Patti Smith, Bryan Ferry, The SMiths, Suede e Marianne Faithfull, para citar alguns.
Interessou-me a forma como nas suas obras a massa de som é como que sensorialmente equilibrada à massa de imagem, sem que uma pareça estar num lugar de dominância sobre a outra, ambas moldadas parcelarmente na produção de uma experiência conjunta, entre detalhes diegéticos e não-diegéticos que se confundem progressivamente.

Antonio Ataide

Bibliografia até agora
Expanded Cinema – Gene Youngblood, (1970)
El Sonido en el Cine – Laurent Jullier, (2006)
The Archaeology of Sound: Derek Jarman’s Blue and Queer Audiovisuality in the Time of AIDS – Jacques Khalip, (2010)


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