The Futurist Manifesto é uma performance do artista Thomas Koner,apresentada em 2009,  que explora a interpretação do Manifesto Futurista de Marinetti, no contexto actual. Traduz este pensamento através do som de um piano e de projecções de imagens que são apresentados a um ritmo desacelerado, bem contrário ao pensamento futurista. A intenção foi mesmo essa: a de criar uma experiência   de desaceleração, de um dinamismo e velocidade através de som, imagem e voz  que tornou todo o manifesto tão lento ao ponto de ser quase inteligível e descomprimido de si.  Diz Marinetti, “descobrir a sensação dinâmica e eternizá-la como tal. Estamos na ponta extrema do promontório dos séculos: por que olhar para trás? O tempo e o espaço morreram ontem.” T.Koner, reinterpretou o tempo e espaço de Marinetti, apresentando-os com uma velocidade e um ritmo próprios, desacelerando a velocidade Futurista, hoje.

Thomas Köner lê o Manifesto Futurista quase como se este fosse uma descrição do estado presente do mundo na nossa era pós-industrial: uma sociedade que se encontra muito distante do cimo de onde os futuristas lançaram o seu desafio às estrelas. Em combinação com fontes escritas, o vídeo é usado na ópera digital para comunicar uma impressão visual da retrospectiva feita por Marinetti sobre o século XX. O material de arquivo – sequências cinematográficas de 1909 e anos anteriores – é submetido a uma visível desaceleração. A acção de desacelerar, deter, paralisar um momento representa para Thomas Köner a maior das utopias, e tem grande significância para o resto da sua obra. Köner usa estas técnicas de gravação (áudio e visual) para tornar perceptível algo que normalmente não o é – algo que Walter Benjamin descreveu como o “inconsciente óptico”. A propósito do trabalho de Thomas Köner, bem poderíamos seguir o exemplo de Benjamin e falar do “inconsciente sónico”, uma utopia de desaceleração, em desafio ao culto da “velocidade ubíqua”, o que nos traz de volta às cenas iniciais da ópera. Na abertura, intitulada “Os Portões do Impossível”, é-nos dito que “uma colossal batuta futurista marca o compasso do andamento da orquestra: 4 bpm (batimentos por minuto)”. Um ritmo a que, aparentemente, nós, futuristas do presente, teremos de nos acostumar no futuro.

Inke Arns – Montagem de excertos de “Back From the Future”. In “The Futurist Manifesto” [Dossier de Imprensa]. Nice: Thomas Köner, 2009

Interessa-me desenvolver e analisar a performance de T.Koner pela questão das velocidades  dos sons, das imagens. Das consequências do tempo e do espaço. A obra foi apresentada em 2009, quando o Manifesto Futurista fez 100 anos o que se torna particularmente interessante a ideia de processo, de reinterpretação, recontextualização do voltar ao passado, voltando ao futuro.

Referências:

.https://vimeo.com/20617061

.http://www.koener.de/

.http://www.serralves.pt/documentos/Trama%202010/la_barca.pdf

.http://www.serralves.pt/documentos/Trama%202010/the_futurist_manifesto.pdf

 

SofiaNico


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