A introdução do som no cinema foi algo que por um lado nos facilitou, de certa forma, a leitura das imagens, mas que por outro nos veio permitir a construção e modelação de atmosferas e a alteração dos sentidos de quem observa.

Hitchcock é um exemplo de alguém que utiliza o som como uma nova dimensão de expressão. Interessa-se em encontrar formas de incorporar a música, construindo a partir delas histórias, sendo que desta forma ele consegue manipular melhor a audiência e controlar as suas reacções. Assim, o som será uma forma de conseguir prender e controlar o espectador, mas também de fazer com que este entre na mente das personagens e acabe por se rever nelas.

Nos filmes Blackmail e Murder revela a experimentação do som como tentativa de transmitir os sentimentos e emoções das personagens, apesar da mesma técnica também acabar por ter um outro lado, uma vez que pode ser vista como um truque, deixando de parte os sentimentos da audiência.

Nos anos 40 e 50 o realizador preocupa-se em apresentar coisas através de uma visão distorcida das próprias personagens. Isto verifica-se no filme Rebecca (1940) em que a história é apresentada através do olhar da protagonista e, também, no filme Rear Window (1954) em que o espectador é direccionado para aquilo que a personagem vê da sua janela.

O realizador usa o som de uma forma mais que criativa, sobretudo expressiva, sempre com a preocupação de criar tensão. Por som também se entende o silêncio que é tão importante como o resto da sua linguagem sonora para transmitir as suas intenções. Este aspecto é importante porque como qualquer profissional que trabalhe o som ele entende a pausa como um elemento inerente à própria linguagem sonora. Nota-se que em todos os filmes o som é uma linguagem tão complexa e presente como a própria narrativa.

Posto isto, o meu trabalho irá abordar a utilização do som por Hitchcock, sendo que apesar de terem ocorrido várias transformações no seu estilo interpretativo, as suas temáticas de interesse foram constantes, tendo sido um dos seus alvos de interesse a questão sonora, em que se incluem elementos como o silêncio ou o grito.

 

Blibliografia:

-WEIS, Elisabeth. The Silent Scream – Alfred Hitchcock’s Sound Track. Dickinson University Press, 1982

-JULLIER, Laurent. El sonido en el cine. Barcelona: Editorial Paidós, 2007

-GRILO, João Mário. As lições do Cinema. Manual de Filmologia. Lisboa: Edições Colibri, 2007.


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