Para realizar este trabalho de «Som e Imagem», optei por abordar temas que fazem parte da minha vida e dos que me são mais próximos: problemas de visão e cegueira. Comecei a ganhar um certo interesse sobre estes temas devido a ter visto um documentário sobre um rapaz sem olhos que conseguia ver através da aplicação de um sistema designado de «ultrassónico» normalmente utilizado por golfinhos, que consiste em produzir um som em específico que,  ao bater nos objectos em redor,  volta para a pessoa que o produz de forma a esta perceber qual a forma do objecto e a que distância se encontra. Tendo em conta isto, comecei a pesquisar sobre artistas com problemas visuais que trabalham no campo das artes (fotografia, cinema, escrita, etc). Pretendo realizar um trabalho que irá ser dividido, em principio, em três partes: primeira parte – a cegueira; segunda parte – artistas com problemas visuais; terceira parte – super heróis do cinema com problemas visuais.

Não é fácil abordar o tema da visão. Temos sempre uma certa sensibilidade quando se fala dos nossos olhos e do que eles podem ou não ver. Ficamos arrepiados quando pensamos na possibilidade de não ver, ficamos aterrorizados perante a escuridão total e ficamos em situação de stress se alguém nos tapa a visão. Mas, perante estas situações, algum de nós conhece realmente o que vê? Algum de nós sabe realmente ver o mundo? Para ver o mundo necessitamos da visão? Como pode um cego, um estrábico ou um míope ver o mundo do mesmo modo que alguém com total visão vê? Às vezes é necessário não ver para podermos ver a realidade do mundo e da arte.

Wim Wenders, cineasta, precisa de usar os seus óculos pois essa é das poucas formas de se sentir seguro. Com os óculos sente que o mundo pode ser visto á sua maneira e a sua forma de ver é através de frames. Um cineasta que viu o mundo desfocado nos seus primeiros anos de vida tem dificuldade em forcar-se com os seus óculos. Eugen Bavcar, fotógrafo, é cego desde muito novo, desistiu de tentar ver com os olhos dos outros e optou por ver como pretendia ver porque a realidade encontra-se na sua forma de ver. José Saramago, escritor, vê o mundo através dos seus óculos e das suas personagens porque ver o mundo sem a escrita é o mesmo que não ver e em grande parte das vezes a realidade existente perante os nossos olhos é mais irreal do que a verdade que queremos ver. Esref Armagan, pintor, é cego mas vê o mundo através dos seus pinceis, tintas e telas. Ele pinta aquilo que vê, ele vê aquilo que sente.

Afinal como é visto o mundo? Como é vista a arte por cada um de nós? Podemos fotografar sem ver? Podemos assistir a um filme sem ver totalmente? Podemos pintar uma paisagem sem visão? Como é possível saber que cada um de nós vê de forma igual? Como podemos saber que o azul para uns pode ser ou não amarelo para outros? Como é possível saber que as árvores que têm folhas pontiagudas á vista de uns não passam de pequenas bolas de algodão para outros? Será o mundo como nós o vemos? Será que vemos a verdade? A realidade?

 

Webgrafia/ Bibliografia:

Documentário Channel5 - «The boy who sees without eyes»:

http://www.channel5.com/shows/extraordinary-people/episodes/extraordinary-people-the-boy-who-sees-without-eyes

Documentário «Janela da Alma» por João Jardim e Walter Carvalho, 2001:

http://www.youtube.com/watch?v=56Lsyci_gwg

 

Carla Costa


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