McLarenEm cada experiência cinematográfica, o espectador é bombardeado com uma quantidade incalculável de estímulos, quer sejam eles visuais ou auditivos. A grande ilusão do cinema, é portanto audiovisual. Existe aqui um valor acrescentado nessa mesma relação que se estabelece entre som e imagem. Este fenómeno de valor acrescentado, resulta no sentido de sincronismo entre som/imagem, que nos permite estabelecer uma relação imediata entre aquilo que se vê e que ouve.

A percepção sonora e visual, comparadas entre si, são muito díspares. A percepção sonora e visual, têm em uma delas, a sua velocidade própria. O ouvido analisa, trabalha e sintetiza mais depressa que o olho. O olho é mais ágil espacialmente e o ouvido temporalmente.

O Som move-nos, coloca-nos em acção, provoca-nos emoções e tem ainda a capacidade de nos transportar para um espaço, onde somos capazes de criar representações . O Som não é menos importante que a imagem.

O gesto, é algo que está sempre presente na criação da obra artística, seja ela plástica ou musical. A imagem de um desenho é aqui vista não como um fim, mas como uma representação de uma forma de decorrer o tempo.

Norman Mclaren é um cineasta escocês, considerado pioneiro na área da animação pela forma inventiva e inovadora como lidava com a arte. A proximidade das suas obras, com o processo de criação das mesmas, remete-nos para a relação de um pintor com a sua tela. Ele desenvolveu técnicas inovadoras no cinema e animação, que fizeram com que se deixasse de recorrer a, nomeadamente, câmaras, microfones, entre outros dispositivos e se colocasse o artista a desenhar directamente sobre a película do filme.

Norman apagava a emulsão dos negativos, reutilizava-os e pintava ou raspava directamente sobre a película. Esta técnica ficou conhecida por “Camaraless Animation”, que era a animação de objectos visuais e sonoros sem intervenção intermédia de uma câmara, fotograma etc.

Estas experiências reflectiam a sua capacidade inovadora e criativa, quer eram muitas das vezes fruto do acaso. Havia uma espécie de um processo estocástico, inerente nos trabalhos de Norman Mclaren.

A película veio dar-lhe a possibilidade de trabalhar quer o som, quer a imagem em sincronia. As variações do tamanho e da forma das marcas, afectam não só o tom, como o volume e qualidade do sinal sonoro. O conhecimento destas possibilidades de desenho permite-nos aproximações na montagem audiovisual.

Em grande parte dos filmes e animações de Mclaren,  onde este desenha directamente sobre a película, quadrado a quadrado, as formas criadas não têm o intuito de chegarem sequer a ser figurativas, ou semelhantes a algum tipo de objecto. Tratam-se apenas de formas abstractas. O Ritmo e a Sinestesia, tem um lugar de destaque nas obras de Norman Mclaren.

No vídeo, “À la pointe de la plume” do referido cineasta, são-nos fornecidos dados que permitem perceber o processo de trabalho do mesmo. Neste, o artista é quem detém todos os sons, em todas as fases de produção. O som e a imagem, são decididos ao mesmo tempo, tendo assim a possibilidade de verifica se ambos estão sincronizados. A qualidade do som, segundo Norman Mclaren, depende da forma e do ponto que é desenhado sobre a película.

O motivo pelo qual escolhi Norman Mclaren para o desenvolvimento do presente trabalho, deve-se não só à sua ligação óbvia ao som e à imagem, como ainda pelo lado plástico presente nas suas obras.

Bibliografia:

CHION, Michel. A Audiovisão, Som e Imagem no Cinema.  Lisboa, 2011. Edições Texto & Grafia

Apontamentos pessoais das aulas de Som e Imagem.

Webografia / Filmografia:

http://repositorio.ul.pt/handle/10451/6954

http://convergencias.esart.ipcb.pt/artigo/5

http://www.anppom.com.br/opus/data/issues/archive/15.1/files/OPUS_15_1_Fornari_Manzolli_Shellard.pdf

http://www.nfb.ca/film/a_la_pointe_de_la_plume

http://www.nfb.ca/film/blinkity_blank_fr


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