A Voz no Cinema.

A voz é um meio de expressão verbal de um modo geral imprescindível para a comunicação; embora existam mais meios e se possa comunicar de outras formas. É aquele que é mais utilizado para verbalizar um determinado modo de ver, de pensar, para descriminar um cenário  uma série de particularidades de um objecto ou de uma pessoa, descrever os mais íntimos e complexos sentimentos, argumentar, discutir, ou ainda contar uma história…

Embora nem sempre o cinema tenha vivido numa era de vococentrismo, seja pelas limitações das possibilidades técnicas dos seus primórdios ou posteriormente pela própria escolha dos realizadores que preferiam a sua ausência nos seus filmes; esta é uma realidade que muitas vezes se sobrepõe, se destaca em relação aos restantes sons de uma película de filme. A voz que escutamos fala um dialecto, uma linguagem que nos é comum, e embora as palavras não permaneçam nas nossas mentes como as imagens, permanece o conteúdo, a mensagem que dela surgiu, o que num primeiro momento nos fecha os horizontes, obrigando-nos a ver as imagens de um determinado modo, de um determinado ponto de vista, cercando o círculo de hipóteses, impedido uma certa liberdade de interpretação das acções e acontecimentos; o que demonstra que este vococentrismo se encontra sempre e intimamente ligado ao verbocentrismo – da mesma forma que o próprio homem é voco e verbocentrista no seu modo de ser e agir quotidianos.

Entendemos então que a voz desenvolve um papel crucial na compreensão do enredo de um filme, e que a sua ausência modificaria um pouco ou radicalmente o significado de alguns.

O papel da voz, a sua função é enfatizada de diversas formas no cinema, seja pelas formas mais comuns, desde da intensidade, volume e timbre de voz, até a forma como essa voz é conjugada com as imagens, ou não. Falo aqui do campo do Acusmatização e dos seus vários tipos. Penso aqui na maneira como essas acusmatizações desequilibram e criam tensões, na leitura das personagens, e nas suas acções, afectando e enfatizando-as.

É dentro deste campo que me proponho trabalhar, ao elaborar uma análise onde possa comparar as semelhanças e diferenças, de cada acusmatização e os seus diferentes efeitos, assim como o próprio papel da voz – voco e verbocentrismo, presentes nos seguintes filmes:

Rear Window de Alfred Hitchcock (1954),

Persona de Ingmar Bergman (1966),

Manhattan de Woddy Allen (1979),

Prénom Carmen de Jean-Luc Godard 1983.

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 Referências bibliográficas:

CHION, Michel. A Audiovisão, Som e Imagem no Cinema.  Lisboa, 2011. Edições Texto & Grafia

CHION, Michel. The voice in cinema. Columbia University Press New York


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