Percepção temporal através de uma relação tripartida entre tempo, imagem e som

Nós vemos cores, ouvimos sons, sentimos texturas.
Ao que parece, para perceber alguns dos aspectos do mundo temos sentidos particulares, sendo estes a visão, a audição, o tacto, o paladar e o olfacto; e apesar de serem cinco os nossos sentidos sensoriais, parece mais pertinente referir-me apenas aos três que foram inicialmente mencionados, visão, audição e tacto,  para o desenvolvimento deste trabalho ou experiência. Que sentido ou sentidos possuímos para perceber a passagem do tempo ou a existência do mesmo? Parece estranho dizer que vemos, ouvimos ou sentimos o tempo a passar. Na verdade, mesmo que todos os nossos sentidos deixassem de funcionar momentaneamente, continuávamos a ter a percepção da passagem do tempo apenas pela mudança do padrão do nosso pensamento. Talvez tenhamos uma capacidade especial, além dos cinco sentidos, que nos permite ter uma noção do tempo, ou talvez essa noção tenha base na percepção de outras coisas, o que me parece mais provável. Apesar da percepção temporal não estar associada a nenhum dos sentidos sensoriais, há pesquisas no campo da psicologia e neurobiologia que mostram que o cérebro humano tem um sistema capaz de ter uma percepção temporal, sistema esse que é composto por vários elementos do nosso cérebro, como o córtex cerebral, o cerebelo e os gânglios da base. Um componente particular desse sistema é o núcleo supraquiasmático, situado no hipotálamo. O núcleo supraquiasmático é um centro primário de regulação dos ritmos circadianos (que designam o período de tempo sobre o qual se baseia o ciclo biológico de quase todos os seres vivos), sendo assim, trata-se de uma estrutura, cuja destruição leva à ausência completa de ritmos regulares. Por outro lado, se as células do núcleo supraquiasmático são cultivadas in vitro, são capazes de manter o seu próprio ritmo na ausência de sinais externos, sendo assim, ajustam o nosso “relógio interno”.
Esta noção de relógio interno foi o que me levou a querer desenvolver este trabalho no campo do tempo. Existe entre o som, a imagem e o tempo uma relação muito íntima, e uma vista de um destes campos dá-nos uma vista dos outros dois, diferindo sempre consoante cada um dos três. Para o desenvolvimento desta questão queria tentar perceber a percepção temporal, tanto minha como de outros indivíduos, através do contacto com diferentes imagens e sons, e tentar compreender esta relação tripartida.

 

Bibliografia

SACKS, Oliver, Awakenings
RANCIÈRE, Jacques, Le destin des images


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