Playtime, filme de 1967, é considerado um dos filmes mais belos de sempre, este é realizado em Paris e representa uma cidade  obcecada com a tecnologia e com a modernidade.

Jacques Tati, neste filme constrói uma sátira em volta da humanização que os espaços também produzem, criticando de forma divertida e, de certa forma  nostálgica, a cidade industrializada e cosmopolita, onde o ser humano parece cada vez mais algo mecânico, estereotipado.

Uma das principais características de Tati é o seu rigor na pós-produção sonora, ganhando contornos meticulosos e indispensáveis, conduzindo o espectador ao que vai assistir. Deste modo, o som acusmatizado tem uma relevância em toda a história juntamente com a expressão corporal, deixando o vococentrismo em segundo plano. Exemplo disto é a cena da senhora no aeroporto a fazer festas a uma mala. Aqui, através do som de um cão a ganir, o espectador deduz que o animal se encontra dentro da mala, apesar de não o ver.

Em Playtime, existe uma carga exaustiva de onomatopeias, criando uma animalidade nos objectos, como é o caso dos sapatos, do senhor a varrer o chão, das cadeiras, entre outros.

A meu ver, para trabalhar sobre este filme é importante, também, falar de Chion, visto que o som acrescenta emoção ao espectador, sendo fundamental a dependência mutua de som e imagem.

Outro aspecto relevante, é por exemplo na cena em que Hulot – personagem principal – se encontra na sala de espera, o espectador ouve o que se passa na rua mas a filmagem realizam-se dentro da mesma e vice-versa, havendo assim, uma espécie de jogo entre imagem e som – fora e dentro de campo.

Em suma, para este trabalho pretende-se explorar o porquê deste filme ser especial, as características importantes do som juntamente com a imagem. Algo que não precisa de voz para se expressar e ter conteúdo, até porque por vezes o corpo expressa-se muito melhor do que a própria voz.

 

bibliografia:

Walter Benjamim

JULLIER, Laurent, El sonido en el cine, Barcelona, Editorial Paidós, 2007 (Le son au cinéma, Paris, Cahiers du cinéma, 2006).

“6ª Lição – A percepção sonora”, de João Mário Grilo, in As lições do cinema: Manual de filmologia, Lisboa, Edições Colibri, 2007, pp. 41-46.

Chion, Michel (1990), Audio-vision, Paris, Éditions Nathan (trad. e edi. ingl. de Claudia Gorbman, Audio-vision: sound on screen, New York: Columbia University Press, 1994).
“THE THREE LISTENING MODES” (Chapter I

 


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