No âmbito da disciplina Som e Imagem, escolhi abordar os sons diegéticos e não diegéticos e ainda os sons acusmáticos.
O som no cinema tem várias dimensões: a espacial ( se a origem do som está dentro de campo ou fora dele), o tempo (a sincronização entre o som e a imagem) e a diegética, não diegética ou meta diegética.
Os sons são diegéticos se fizerem parte do universo sonoro perceptível pelas personagens e de certa forma também pelo público, normalmente servem para descrever a paisagem sonora, ou seja, a origem dos sons encontram-se muitas vezes dentro do enquadramento visual. Por exemplo, o som de um carro a passar, o som dos pássaros, a música de um concerto que está a decorrer na cena.
Os sons subjetivos, sons impostos na cena mas que não são percepcionados pela personagem, são os sons não diegéticos. Para além de serem uma ferramenta na interpretação da cena, ampliam certas emoções e sugerem um ritmo à narrativa, como por exemplo a voz do narrador, música de fundo ou efeitos sonoros.
Existem ainda os sons meta diegéticos que traduzem o pensamento de uma personagem, através da imaginação, do estado de espírito ou de uma alucinação. “BlackMail” (1929) de Alfred Hitchcock é um dos primeiros filmes a utilizar o discurso meta diegético.
Ainda abordando o universo do som no cinema, temos o som acusmático, termo desenvolvido em 1950 por Pierre Schaeffer (compositor francês). Nas suas músicas utilizava apenas os sons do dia-a-dia para compor as suas obras.
Portanto, o som acusmático é tudo o que se ouve mas sem o conhecimento da sua origem.
“M”, de Fritz Lang, é um filme que conta a história de uma pequena cidade alemã que procura um assassino de crianças. Este assassino apenas “aparece” na sua sombra e na sua voz/assobio, só sendo realmente observado no final quando uma outra personagem, um invisual, o reconhece através do som produzido pelo seu assobio. Esta personagem (o assassino) é o exemplo que Chion utiliza na sua obra “The voice in Cinema” para explicar o que é a personagem acusmatizada.
Outros filmes referidos na obra de Chion são: “The Testament of Dr Mabuse” com a voz do génio do mal; “Psycho” com a voz da mãe e “The Magnificient Ambersons” com a voz do diretor.
Para além dos filmes referidos no livro, as personagens acusmatizadas existem também no “Le Plaisir” de Ophuls, “L’Homme Atlantique” de Duras e no “Scream” de Wes Craven, baseado no mesmo principio acusmático. Chion exemplifica com coisas banais do dia-a-dia, a presença da voz acusmatizada dando o exemplo de um telefonema onde dialogamos com alguém que não conhecemos.
Estas personagens normalmente destacam-se das restantes. Sendo muitas vezes feita a distinção entre o bem e o mal, estas são frequentemente utilizadas na representação do mal ou de uma força maléfica.
A sua voz não exerce um mero comentário no desenrolar da cena, pertence a uma personagem central que se encontra em ação no filme, criando assim uma relação com a imagem que funciona em duas direções: a imagem contém a voz e/ou a voz contém a imagem.
Bibliografia:
CHION, Michel. “The Voice in Cinema”, 1999
Internet:
http://www.abarbosa.org/docs/som_para_ficcao.pdf
http://trovadoradimagem.blogspot.pt/2008/09/resumo-do-curso-voz-e-o-som-no-cinema.html
e também apontamentos pessoais tirados nas aulas de Som e Imagem.
Ana Alves
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