O olho e a língua: o passado futuro das imagens

Na próxima 4ª feira estarei em Lisboa, no CCB, a convite do José Bragança de Miranda e da Lusófona, para falar da relação entre o olho e a língua e do passado futuro das imagens.

O olho e a língua: o passado futuro das imagens
Quarta-feira, 06 de Abril às 18h no Auditório do Museu Colecção Berardo – Entrada Livre

Resumo da Conferência: 

Há na relação entre as imagens e as palavras qualquer coisa que esquecemos e que vem dessa ligação física e directa entre o olho e a língua. É talvez isso que se sente nos olhos que se fecham quando gritamos ou na mudez que nos invade quando uma imagem nos captura.

Sabemos como a psicanálise se funda na palavra, no poder arqueológico da linguagem, num processo gradual de passagem do somático ao semântico.  Sabemos também do poder mais ou menos selvagem das imagens e do modo como tantas vezes usamos as palavras como um instrumento para a sua domesticação. Mas haverá, como se diz, algo que torna as imagens irredutíveis a à palavra? Ou será que na verdade são as imagens que nos falam, numa outra língua?

Houve um tempo em que as imagens foram raras e exclusivas, houve depois um tempo em que inventámos máquinas e alquimias que multiplicaram as imagens, e há agora um tempo em que as imagens se tornaram omnívoras, impondo-se como veículos primeiros e quase automáticos de expressão, alimentando um imenso arquivo que cresce sem aparente fim ou finalidade. Como reconhecer então a essas imagens, sugadas pelo arquivo e pelos bits da informação numérica,  algo mais do que um sentido arqueológico? Como ver nas imagens um passado futuro, uma futorologia capaz de inquirir o que há-de vir, quase como se ver uma imagem fosse ouvir um oráculo?

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