Multi Screen Installations

Gostaria de tomar como ponto de partida para o trabalho final a análise de alguns vídeo instalações, em especial as multi screen installations onde a relação entre som e imagem extrapola o direcionamento para um único ponto de vista e trabalha em tempos paralelos. As imagens se definem bem, enquanto o som age de forma diferente em cada uma delas, podendo se utilizar do espaço para chegar de diversas direções, atingindo vários sentidos.
A princípio, me apoiarei no trabalho de Isaac Julien, um artista britânico, especializado em vídeo arte. Trabalha tentando quebrar barreiras entre as diversas disciplinas artísticas, unindo-as em uma única narrativa visual, plástica, sensitiva. Tem como principal objeto de estudo a temática Black e gay, incluindo diversos grupos sociais, marginalização, identidade, beleza, histórias culturais.
Meu interesse pelo tema surgiu no contato com a exposição The Cinema Effect: Realism na Caixa fórum de Madrid que trazia à tona a discussão sobre os diversos tipos de realidade, a realidade do tema, a realidade criada, virtual; explorando muitas vezes, a aparição de várias no mesmo filme/instalação. Estava exposta a instalação Fantôme Créole. Nesta, Isaac explora em quatro telas o contraste entre paisagens extremas, do deserto à neve, dos povos e arquitetura antiga à cultura urbana atual. As paisagens se mesclam se unindo pela presença dos mesmos personagens e pelo enquadramento das cenas. Os personagens interagem entre si, nestes lugares diferentes, muitas vezes aparecendo concomitantemente em mais de uma tela. Pensamos de onde está surgindo o som ou a qual tela ele pertence, mas na verdade pertence a todas contando histórias diferentes…

Deixo uma pequena ilustração ajudando a visualização do tema.

Paranoid Park, de Gus Van Sant

Draft – Paranoid Park, de Gus Van Sant

Como objeto de estudo, escolhi analisar o filme Paranoid Park (2007) de Gus Van Sant.  À partir dos conceitos estudados em sala de aula, junto da bibliografia passada, tentarei dissecar as estruturas do filme à partir do som e buscar aplicar os conceitos que vimos como sons empáticos e anempáticos, in e out, sincronismos  e diacronismos, entre outros.

Paranoid Park conta a história de um assassinato provocado acidentalmente por um jovem skatista. O acidente em si não é o assunto principal do filme e sim a maneira como a personagem enfrentará essa situação no seu dia a dia. Alex, que ainda está no colégio, tem de lidar com toda a culpa e a pressão de não poder contar o ocorrido à ninguém e ao mesmo tempo enfrentar seu cotidiano e os problemas que envolvem sua faixa etária, o fracasso como skatista, a escola, o relacionamento tumultuoso de seus pais e a namorada no colégio.

Em seus filmes, Gus Van Sant usa o universo dos jovens como objeto de estudo. Mas diferente do modo como Hollywood os retrata usando da comédia cheia de clichês, Gus Van Sant transforma pequenas cenas do cotidiano que nos parecem banais em pura poesia. Os conflitos dessa faixa etária que hoje nos parecem superficiais, são tratados com muita importância e cautela. Seus filmes de certa forma, também são autorais. Em Paranoid Park, a mente desses jovens é muito mais complexa. E essa complexidade pode ser percebida pelo uso do som e dos planos escolhidos para as cenas. As personagens muitas vezes parecem mostrar uma passividade enorme diante dos acontecimentos, sem reações, uma falta de expressão corporal que pode ser sentida pelo som. O diretor faz uso de ruídos e de uma trilha sonora bastante diversificada que varia de acordo com a sensação das personagens, de música clássica à heavy metal. Momentos de silêncio também são bastante usados para que a cena em si possa ser percebida sem que a música nos desvie a atenção, muitas vezes contrariando o que é visto, entrando em choque. Os momentos de reflexão das personagens são filmados em close-up, normalmente na altura dos olhos do ator o que dá a sensação de entrar em seu universo seguido de ruídos agudos e graves que crescem cada vez que simulam uma aproximação com seus conflitos internos, dando uma sensação de intimidade com a história e com o que pensa a personagem.

Como ilustração, deixo em anexo uma pequena cena do filme que acho uma das mais belíssimas. É interessante notar como o som que antes é apenas do ambiente vai se misturando a um ruído agudo que cresce a cada instante e aos poucos sons de pássaros se misturam a esses ruídos (o papel de parede do banheiro tem pássaros desenhados também) , que aumentam cada vez mais e mais e tudo parece estar prestes a explodir enquanto podemos notar certo desespero interno da personagem que apesar de toda a cena ser em câmera lenta, essa união de elementos nos faz sentir o mesmo que ele.

 

Bibliografia de apoio:

JULLIER, Laurent, El sonido en el cine, Barcelona, Editorial Paidós, 2007

The Voice in Cinema, full pdf version, by Michel Chion

A percepção sonora”, de João Mário Grilo, in As lições do cinema: Manual de filmologia, Lisboa, Edições Colibri, 2007, pp. 41-46.

 

“Psico” (1960), Alfred Hitchcock

“Psico” (1960), Alfred Hitchcock

Numa continuação do estudo sobre a cinematografia de Alfred Hitchcock, o objecto a ser analisado para a disciplina de Som e Imagem será “Psico”.

No que é considerado como a sua fase britânica, Hitchcock deixa-nos filmes como “Os 39 Degraus”, 1935, e “O Homem que Sabia Demais”, 1956. Já numa fase americana apresenta-nos “Rebecca”, 1940, e outros clássicos como “A Mulher que viveu duas vezes”, 1958,  ”Intriga Internacional”, 1959, e “Psico”, 1960, deixando assim as imagens do preto e branco para dar lugar ao privilégio da cor.
“Psico” introduz a história de uma secretária, Marion Crain (Janet Leigh), que devido a um desfalque que comete no seu local de emprego foge levando consigo 40 mil dólares. Durante a sua fuga ela depara-se com o Motel Bates onde mais tarde acaba por ser assassinada sendo esfaqueada enquanto toma banho. Esta cena em particular tornou-se numa das cenas mais famosas de toda a história do cinema.
Combinando grandes planos dramáticos dos protagonistas com as suas estranhas, mas no entanto, subtis aparições, Alfred Hitchcock por mais de cinquenta anos revolucionou a história do cinema com um sofisticado e elegante estilo que tanto o caracteriza. A influência que o expressionismo alemão teve nos primeiros filmes que realizou, os temas e fetiches de Hitchcock (como a culpa, a homossexualidade implícita, a figura materna, a identidade, o voyeurismo), a criação do suspense e a representação da mulher vertiginosa (encarnada por protagonistas), foram factores que distinguiram os seus filmes dos outros filmes de suspense. Tanto que a partir de meados de 1930 aparece o termo “hitchcockiano” no vocabulário comum.

Era de grande importância para Hitchcock a distinção entre a surpresa e o suspense. Este explica que, “na forma vulgar do suspense, é indispensável que o público esteja perfeitamente informado de todos os elementos em causa, ou seja, a principal diferença em relação à surpresa é que o público sabe algo que as personagens desconhecem”
Com uma certa dose de ironia e um pouco do humor negro britânico, um peculiar gênero de humor, Alfred Hitchcock deixou ao mundo do som e da imagem um inevitavelmente, inconfundivel e genial marco que continua a inspirar pessoas por todo o mundo tanto a nível emocional, psicológico e artístico.
Revelando-se como uma obra extremamente rica na dicotomia e diálogo entre o som e a imagem, em “Psico” o mote de estudo será a análise deste filme tendo como base os temas abordados e explicados nas aulas.

Bibliografia inicial:
-CHION, Michel: “La audiovisión : introducción a un analisis conjunto de la imagen y el sonido”, Paidós, Barcelona, 1993
-BENJAMIN, Walter: “Sobre a Arte, Técnica, Linguagem e Política”, Relógio d’Água, Lisboa, 1992.
-SADOUL, Georges: “História do cinema mundial, das origens aos nossos dias”, Livros Horizonte (5ªedição, revista e aumentada)

Partindo de temas abordados nas aulas, no trabalho final da disciplina pretendo abordar algumas questões relacionadas com a ligação empática entre som e imagem.  Exemplificarei alguns artistas que partindo de áreas de trabalho diferentes, nas suas obras sublinham esta ligação.

A minha ideia principal é destacar como som e imagem se combinam de diferentes maneiras para enriquecer-se mutuamente e destacar-se em áreas como o cinema, a música, e outros média. Em alguns casos um dos elementos prevalece sobre o outro, em outros casos, ambos partilham o rolo principal. Em todos os casos o som acrescenta valor a imagem, e também a imagem acrescenta valor ao som.

A nossa percepção está ligada principalmente a dois sentidos: ver e ouvir. Já se ouviu dizer que nosso individuo contemporâneo é um olho e um ouvido. Algumas vez imaginamos que aconteceria se tivéssemos que rescindir de um destes sentidos?

Artistas contemporâneas como John Cage desafiaram os limites destas ligações. Obras como “William´s Mix (1952)” e “Fontana Mix (1958)” são a predefinição visual de um resultado sonoro, uma proposta que contraria a forma habitual de abordar uma obra. John Cage também é autor de outras controvérsias como a sua famosa afirmação “There is no such thing as an empty space or an empty time. There is always something to see, something to hear. In fact, try as we may to make a silence, we cannot.” (Cage, 1939).

Estas afirmações fazem-nos reflectir sobre esta ligação permanente e necessária entre a presença e ausência, o som e o silêncio, a imagem e a ausência da mesma. Relacionamos as imagens aos sons e os sons às imagens permanente e inconscientemente mas não nos apercebemos das diferentes combinações e referentes que existem para que liguemos estes dois elementos duma maneira ou de outra.

Sasha Sosno, pintor e escultor francês utiliza nas suas obras o que ele chama “Le art des oblitérations”. Um recurso contraditório e efectivo. Num intento de explicar a sua obra utiliza a frase “cacher pour mieux voir”. Uma ideia que se relaciona com a questão em debate. Muitas vezes no cinema e em outras obras audio-visuais o som desaparece de cena para enfatizar o que a imagem quer comunicar-nos.

Nas aulas da disciplina falou-se sobre as dimensões do som no cinema: dimensão espacial, temporal, diegética ou não diegética. Neste trabalho tentarei exemplificar alguns momentos do cinema onde aparecem claras este tipo de dimensões, continuando com a ideia de que a ausência ou presencia de som na obra melhora e enriquece a comunicação com o espectador.

Bibliografia:

Cage, J: Silence. Lectures and Writings by John Cage. Wesleyan University Press, Middletown, USA, 1939. pag.8
Sacha SOSNO – L’art de l’oblitération. Disponível em: www.sosno.com

Draft – 2001 Odisseia no espaço

Para a disciplina de Som e Imagem escolhi como objecto de estudo o filme “2001 – Odisseia no espaço” de Stanley Kubrick. Esta obra-prima de Kubrick revela, de certa forma, os mistérios da condição humana. Desde o aparecimento da consciência, ao domínio técnico das ferramentas e mesmo ao rumo que tomámos enquanto seres humanos. Tudo isto nos é dado como enredo, como as questões centrais do filme. No fundo, mesmo depois de ver o filme, a dúvida perdura: Quem somos, de onde vimos, para onde vamos?

Esta obra-prima da ficção ciêntifica realizada em 1968 tenta trazer à mente do espectador as mais grandiosas questões da Humanidade. Embora muita gente o considere um génio, Kubrick apenas se limitou às questões próprias levantadas pela Ciência na época. “2001 – Odisseia no Espaço” tornou-se um clássico, mas à parte das pertinentes questões que levanta, é a relação entre o som e a imagem que lhe confere a mais do que reconhecida força argumentativa que sustenta a sua grandiosidade. A genialidade deste filme não reside no conhecimento ciêntifico que contém, mas sim nas capacidades de Kubrick como realizador cinematográfico. Daí que, o termo ficção cientifica se lhe aplique muito bem. È assim – tentando retirar o significado de ordem mais espirutual que este filme possa eventualmente conter, que parto para uma análise cuidada da relação entre som e imagem, relacionando com os textos de Michel Chion e Laurent Jullier para uma análise mais objectiva das situações e suas intensões, e tentando perceber o que Gene Youngblood tenta dizer com “2001: The new nostalgia”. Em “expanded cinema” o autor parece apontar alguns erros cinematográficos e mesmo conceptuais.Neste sentido, também será pertinente tentar perceber de que forma este filme estará mais ligado às artes plásticas do que ao habitual mercado Hollywoodesco. Para esta análise, é necessário ter em conta a especificidade de cada cena, que artificios foram utilizados e com que propósito, para então perceber qual o seu papel na leitura do total.

BIBLIOGRAFIA:

JULLIER, Laurent, El sonido en el cine, Barcelona, Editorial Paidós, 2007 (Le son au cinéma, Paris, Cahiers du cinéma, 2006).

YOUNGBLOOD, Gene (1970), Expanded cinema, New York, E.P.Dutton & Co.

CHION, Michel (1990), Audio-vision, Paris, Éditions Nathan (trad. e edi. ingl. de Claudia Gorbman, Audio-vision: sound on screen, New York: Columbia University Press, 1994).

CHION, Michel ,The Voice in Cinema

Draft

Vai na rua,

Vai no autocarro,

Vai à espera sentado,

Vai só a olhar,

E depara-se com monólogos, ou recheados de sorrisos ou de rugas de preocupação ou de simples palavras ou outras.

Um estudo de comportamento, uma análise de conversas telefónicas. Ouvimos pessoas a falar ao telemóvel e rapidamente construímos uma narrativa, apenas com pedaços da intriga! Dois diálogos distintos ligados num só. Realidades distintas, sons e imagens que se complementam e constroem, para nunca estarem em harmonia.

Um som que escapa a uma imagem, uma palavra que através de um som a representa.

Pretendo registar conversas telefónicas casuais e construir outras fictícias, analisando o poder experimental destas na construção de textos através desses excertos linguísticos: uns montados como puzzles, outros sem sentido, outros experimentais, alguns poéticos, vários fragmentos e uma espécie de vídeos.

“o nada de meu livro é nada mesmo. É coisa nenhuma por escrito: um alarme para o silêncio, um abridor de amanhecer, pessoa apropriada para pedras, o parafuso de veludo, etc etc. O que eu queria era fazer brinquedos com as palavras. Fazer coisas desúteis. O nada mesmo. Tudo que use o abandono por dentro e por fora.” Manoel de Barros, Livro Sobre Nada

Nesta obra, o autor assume uma linguagem em que a palavra é a negação da representação.

A fala poética deixa de ser fala de uma pessoa: nela, ninguém fala e o que fala não é ninguém, mas parece que somente a fala ‘se fala’ (…) “Isso significa, em primeiro lugar, que as palavras, tendo a iniciativa, não devem servir para designar alguma coisa nem para dar voz a ninguém, mas têm em si mesmas, os seus fins.”

“Sob essa perspectiva, reencontramos a poesia como um potente universo de palavras cujas relações, a composição, os poderes afirmam-se, pelo som, pela figura, pela mobilidade rítmica, num espaço unificado e soberanamente autónomo. Assim, o poeta faz obra de pura linguagem e a linguagem nessa obra é retorno à sua essência. Ele cria um objecto de linguagem, tal como o pintor não reproduz com as cores o que é mas busca o ponto onde as suas cores dão o ser”.

(…) “o poema entendido como um objecto independente, auto-suficiente, um objecto de linguagem criado por si só, manada de palavras onde só se reflectiria a natureza das palavras e nada mais, talvez seja então uma realidade, um ser particular, de uma dignidade, de uma importância excepcional, mas um ser e, por isso mesmo, de forma nenhuma mais próximo do ser, do que escapa a toda a determinação e a toda forma de existência.” Maurice Blanchot, O Espaço Literário

Bibliografia

Manoel de Barros, Livro Sobre Nada

Maurice Blanchot, O Espaço Literário

  *Estes são os escritores que pretendo analisar

“De olhos bem fechados”, mundos de sons e imagens

 

Proponho como objeto de estudo na disciplina de Som e Imagem uma análise de alguns segmentos do filme “De olhos bem fechados” (Eyes Wide Shut, 1999), de Stanley Kubrick, adaptado do livro “Breve romance de sonho”(Traumnovelle, 1926) de Arthur Schnitzler.

No filme a relação imagem e trilha sonora, através de uma combinação extremamente complementar, propagam aos nervos do espectador a profundidade do envolvimento e tensão do personagem principal nas suas “realidades”.

Numa abordagem inicial as secções de cenas serão escolhidas a partir das músicas “Música Ricercata, II”, de Gÿorgy Ligeti, e “Masked Ball”, de Jocelyn Pook, cenas sobre as quais pretendo discorrer sobre a relação espaço, tempo, e especialmente, os mundos da obra.

O objetivo principal é exemplificar e identificar no filme alguns conceitos de som e imagem apresentados em aula, utilizando como bibliografia principal o livro “El sonido del Cine”, de Laurent Jullier.

Luana de Oliveira Andrade

 

Proposta de trabalho

A minha proposta de trabalho assenta numa numa reflexão sobre a relação entre o som e a imagem na vida, nas artes plásticas e no cinema. Consciente que este é um campo demasiado vasto parti do meu interesse nas capacidades plásticas do som enquanto extensor da visão do homem. Seguindo o exemplo de alguns filmes de Jacques tati, interessou-me a sua objectualidade sonora que nos orienta a visão para aquilo que que não está ou poderia, silenciosamente, passar despercebido. Parti também de um dos primeiros exemplos das aulas – La Jettée de Chris Marker -  que nos induz, pelo som, a uma continuidade e espacialidade  inexistentes se nos ficarmos pela sequência de imagens mudas. Assim, pretendo explorar e perceber os limites das diferentes noções e possibilidades do som no cinema e nas artes plásticas.

Desde os primeiros registos conhecidos das experiências de vida do Homem, o som e a imagem existem e estão presentes, associados a ritmo próprio, estimulado pelas suas caracteristicas visuais. A própria linguagem escrita é uma tradução da oralidade em imagens que, constantemente, convertemos em sons. Talvez pela facilidade primeira da manipulação, registo e partilha, a imagem tomou uma posição claramente dominadora na memória colectiva. Este predomínio da visão em detrimento dos outros sentidos físicos é ainda hoje evidente mas, à medida da mudança do olhar do homem e das evoluções técnológicas decorrentes,  o som vai ganhando uma forma muito mais abrangente.

O som , pela imaterialidade que o compõe e pela sua incapacidade de registo, num passado ainda recente, trouxe na sua herança ocidental uma elevação espiritual que o tornou uma das fontes de inspiração abstracta nas artes visuais modernas e estimulou em parte o conceito de instalação e sintopia das artes.

As pazes entre o corpo e o espirito, a arte e a vida permitiram também a desmitificação do olhar sobre o som. Agora com uma visão mais terrena passamos a experiencia-lo como ele mesmo e descobrem-se possibilidades plásticas que não posso deixar de comparar à expanção da pintura e da esculltura.
Mesmo antes da presença do som nas imagens em movimento este estava já contido nos ritmos, nos cortes, nos tons, nos movimentos, nos diálogos… O som quando inserido, apenas numa tentativa de uma sincronização com a imagem não acrescentou nada de realmente significativo na expressão cinematográfica. Este esteve sempre sincronizado pelo menos num imaginário muito mais extenso.
Quando todos os sons que nos rodeiam passam a ter importância matérica e plástica, surge um novo sentido a que Chion chama de  audiovisão. A apreensão de uma experiência, pode ser entendida como um complemento dos sentidos sem a primacia de nenhum, um complemento de ambos. Sabendo que não vemos da mesma forma se não ouvirmos, e que não ouvimos da mesma forma se não virmos, as possibilidades plásticas extendem-se.
A capacidade de audiover extende a realidade tornando-a mais real do que nunca, e atribui-nos a capacidade de percepcionar  aquilo que antes parecia ser invisível. Desta foma a  realidade ganha, uma dimensão que rossa a ilusão. A manipulação dos sentidos ao limite direciona-nos para um tempo, um ritmo, um espaço, que ultrapassam todas as barreiras da extrema fisicalidade.

Referencias bibliográficas:

Mulder Arjen; Understanding Media Theory: Language, image, sound, behaviour, V2_Publishing/NAi Publishers, 2004

Youngblood Gene; Expanded Cinema, P. Dutton & Co., Inc, 1970 (http://www.vasulka.org/Kitchen/PDF_ExpandedCinema/book.pdf)

Almeida Ana Paula; O^universo dos sons nas artes plásticas. ISBN: 978-972-772-707-0

Brougher Kerry 205; Visual music. ISBN: 0-500-51217-5

Cage John;Empty words. ISBN: 0-8195-6067-7 30.69

Lévi-Strauss Claude;Olhar ouvir ler. ISBN: 972-41-1374-4

Ribas Luísa;Sobre o papel do som no audiovisual

Viveiros Paulo;A^imagem do cinema. ISBN: 972-8296-93-2

Bosseur Jean : Sound and the visual arts

Chion Michel- audiovision – ediciones Paidos Iberica S.A- Is

Grilo João Mário: As lições do cinema -p 42 a 46, Ed colibri

Altman Rick : Sound theory sound practise, p113 a 124.

“Surgimento do som no cinema: Uma lei de menor esforço? Ou um meio para causar mais impacto no obsevador?”.

Para o trabalho final da disciplina de Som e Imagem, pretendo abordar algumas questões referentes à introdução do som no cinema. Com isto, o título que pretendo utilizar será: “Surgimento do som no cinema: Uma lei de menor esforço? Ou um meio para causar mais impacto no obsevador?”.

Para começar, a introdução do filme nas artes veio a mudar em muito o modo como os artistas abordavam as suas obras. Devido a essa novidade, os artistas já tinham a possibilidade de melhor documentar as suas próprias obras, criar arquivos das mesmas e, igualmente, usar o filme como uma obra de arte. Dito isto, o som veio ainda melhorar o modo como o artista se relaciona com a sua obra.

Com a introdução do som, o artista podia jogar com as convenções comuns à altura, como por exemplo, se no filme víssemos alguém dentro de uma casa já poderíamos ouvir um ambiente diferente, como o som da rua ou de outro compartimento da casa. Isto é, os artistas faziam recurso a vozes acusmáticas e, com este jogo de som ou sons, já poderiam representar situações que o próprio artista achasse que devessem causar mais impacto, de forma a criar no espectador sensações mais fortes.

Tendo isso em conta, não terá o som surgido como um meio a facilitar a leitura das imagens que observávamos, enquanto decorria uma acção? Ou terá surgido como modo de causar sensações mais fortes e acentuar algumas das imagens observadas? A meu ver, ambas estão interligadas e relacionadas com outros factores, como o facto de o som ser usado para chamar a atenção de um grande número de pessoas de modo a tornar a obra num sucesso comercial. É claro que existem muitas excepções. Grande parte dos artistas plásticos não visa a comercialização em massa das suas obras e visam somente a criação de experiências entre som e imagem de modo a mexer com os sentidos de quem observa. Porém, os cineastas já têm em mente a comercialização, logo poucos não pensarão assim e, com surgimento do som no cinema, facilitando a “leitura” das suas obras, foram chamando a atenção do observador e com isso a adesão aos filmes sonoros tornou-se um “vírus”. Não digo também que este tipo de artistas só visem a comercialização, como já disse anteriormente, existem uns quantos que não o fazem. Também existem artistas que querem trabalhar o som de forma mais “abstracta”, jogando com sons e fazendo as suas próprias experiências. Muitos querem realçar algumas cenas de modo a torná-las mais dramáticas e recorrem ao som de modo a criar esse efeito.

O aparecimento do som no cinema facilitou a leitura das imagens e, de certo modo, tornou-nos mais preguiçosos nesse campo, na medida em que poderíamos imaginar a voz ou o som da acção que estava a decorrer perante nós, assim como poderíamos imaginar a o tom do som emitido. Apesar disso, podemos, agora, retirar o som de um filme com a finalidade de tentar criar esse mesmo efeito, mas maior parte das pessoas ignoram essa possibilidade e preferem ter som a acompanhar um filme. Para além dessa facilidade de leitura o som trouxe e aumentou o campo de possibilidades de experiências, como o recurso à voz acusmática e ao “screaming point”, dos quais irei fazer referência no trabalho final, tendo em conta a sua importância no cinema.

 

Referências bibliográficas

 

E. Sergei, P. Vsevolod e A. Grigori (2009) Manifesto Contrapunto Sonoto

Disponível em:
http://elllla.files.wordpress.com/2009/06/manifesto-contrapunto-sonoro.pdf

 

 

C. Michel (…) The voice in the cinema

Disponível em:

http://ml.virose.pt/blogs/si_11/?page_id=2

 

G. João Mário (…)  A Percepção Sonora

Disponível em:

http://ml.virose.pt/blogs/si_11/?page_id=2

Star Wars

Sou grande fã da Saga “Star Wars” e como todos as pessoas que a apreciam a primeira coisa que notam são os efeitos especiais.

Mas nem todos tem a percepção da importância que o som contém na construção da imagem.

Por isso neste trabalho pretendo estudar a influência dos efeitos sonoros na saga “Star Wars”.

Como objecto de estudo escolhi o primeiro filme realizado (Episódio IV “A New Hope” em 1977), pois foi o filme que mudou a história do cinema (e a vida das pessoas).
Quando se fala em efeitos especiais, a primeira referência que temos é Star Wars.

Obviamente, já se faziam efeitos antes da estreia deste filme, mas a equipa que trabalhou na criação do mesmo conseguiu chegar a um patamar superior, mantendo assim um novo nível de exigências a nível visual e sonoro.
Pretendo recolher as cenas mais destacantes e estuda-las com e sem acompanhamento sonoro.

Uns dos exemplos que tenciono analisar são:
- Umas das cenas iniciais, onde Luke Skywalker observa o “Pôr-do-sol” em Tatooine.
- Todo o som produzido pelas naves espaciais.

- Duelo de sabre de luz.

- Wookie, Jabba The Hutt, Greedo, etc.

- Explosões e disparos.

- Música sinfónica que segue o filme, acentuando a epicidade da história.


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